terça-feira, 19 de maio de 2009

Pelas águas do Tâmisa

Pelas águas do Tâmisa

Estava a passear pela wikipédia, quando deparei com isto: "Dos tempos do 'Grande Fedor' – como o Tâmisa ficou conhecido em 1858, quando as sessões do Parlamento foram suspensas por causa do mau cheiro – até hoje, foram quase 150 anos de investimento na despoluição das águas do rio que cruza a cidade de Londres. Bilhões de libras mais tarde, remadores, velejadores e até pescadores voltaram a usar o Tâmisa, que hoje conta com 121 espécies de peixes. Se a poluição começou ainda nos idos de 1610, quando a água do rio deixou de ser considerada potável, a despoluição só foi começar a partir de meados do século XIX, na época em que o rio conquistou a infame alcunha com o seu mau cheiro. A decisão de construir um sistema de captação de esgotos também deve muito às epidemias de cólera das décadas de 1850 e 1860."

Creio que este parágrafo resume bem o absurdo que se tornou o rumo da nossa civilização: estragamos para poupar, gastamos para arranjar o que estragámos. Para mais, no balanço do poupar/gastar, muitos são os que perdem, poucos os que ganham muito com isso. E fico admirado como, em países democráticos onde é a maioria que decide, seja possível que continue a ser uma minoria a ganhar. Damos demasiada importância à maioria no Parlamento e esquecemos a Maioria Popular. Mas afinal não somos nós que os elegemos? Se estes são maus e os que lá estiveram foram maus ou piores, não há por aí uns quantos a quem nunca foi dada a oportunidade? E que história é essa "não haver coligações"? É muito fácil em nome de principios políticos negar aproximações aos outros partidos e estar depois numa oposição a ver as suas propostas chumbadas. Não é melhor pôr primeiro lá um pé, e fazer passar algumas das nossas propostas, das deles e de ambos?

E que tal diluir ainda mais as águas: com tantos hi5, blogs e fóruns e afins, não haverão por aí uns independentes que juntem uns apoios para serem eleitos num qualquer distrito? Qualquer dia tínhamos um parlamento cheio de independentes e era a desgraça total: passava a ser a maioria Popular a governar. Não sei, contudo, se sequer é possível uma candidatura totalmente independente a um lugar de deputado. Mas as leis foram feitas para ser melhoradas.

Os problemas de base deste país não serão tão óbvios que se houvessem governantes minimamente competentes, não seriam capazes de lançar umas quantas medidas positivas e duradouras? Um dia destes ouvi na rádio o Engº Sócrates falar em cada um de nós investir na formação (concordo plenamente) e utilizar o Serviço Nacional (???) de Saúde. Curiosamente, penso que são dois dos maiores problemas deste país e creio que são as mais fulcrais bases de qualquer sociedade: saúde e educação. Falar de Sistema Nacional de Saúde depois de fechar centros de saúde, urgências e maternidades em locais mais isolados. Será que esses não fazem parte do país?

Temos que ser nós, mas também exigir ao Estado, fazer pela nossa educação e formação. Vamos subir a escolaridade mínima para o 12º Ano? Óptimo. Mas qual será a qualidade do ensino? Quantidade é bonito nas estatísticas, mas no dia-a-dia pouco ou nada serve. Parece-me ver surgir uma geração Playstation, que parece alheada da realidade, e cheia de cultura consumista. Há que recuperar a busca pelo conhecimento, o conhecimento crítico, o conhecimento social e humano, o conhecimento científico. E até o conhecimento espiritual, pois a mente, a consciência, a "alma", "aura" ou "espírito" fazem de nós o que somos: humanos, no bom e no mau.

Temos que nos educar e ser saudáveis de corpo e de mente. Mas investir na educação e saúde, será também investir na segurança, no emprego para médicos, enfermeiros, auxiliares, e todos os que fazem o sistema de saúde funcionar, emprego para quem constrói e mantém os hospitais e centros de saúde, emprego para professores, educadores, auxiliares e todos os que fazem o sistema de educação a funcionar, emprego para quem constrói e mantém as escolas, universidades e centros de investigação.

Quem é saudável, pode trabalhar. Quem tem uma melhor educação pode ter uma melhor remuneração. O emprego, gerará maior busca de serviços e, também, bens, gerando mais emprego e assim sucessivamente. A aposta nestes dois pilares da sociedade não será também uma aposta na resolução de outros problemas do país?


Cumprimentos a todos

Manuel


PS - Entretanto tive a oportunidade de visitar Londres. O Tâmisa, apesar de tudo, continua com mau aspecto. Mas gostei muito da cidade. Nos pequenos e grandes detalhes, é possível perceber como funciona, quanto a mim bem, uma cidade com 7 milhões de habitantes. Onde o acesso á cultura é gratuito e impressionante. Mas onde é demonstrado também, de forma mais subtil, como esta grandeza reflecte também a centenária exploração de países e povos, o nascer da globalização e capitalismo.

Zeitgeist

Zeitgeist

Eu tive oportunidade de ver não só o Zeitgeist, como o Zeitgeist: Addendum. Se ainda não viram, vejam, recomendo-os vivamente.

Mas primeiro, devo dizer que desde logo fiquei com a ideia de que grande parte dos "factos" apresentados, não o são de facto. Não gosto de ver um documentário que se propõe mostrar a verdade, apresentar tantos erros, omissões e mentiras, principalmente ao tocar temas tão sensíveis. Há quem diga que isto é propositado, para chamar a atenção para os documentários e, deste modo, para a sua verdadeira mensagem.
E vendo bem as coisas... o que é facto é que são muito vistos e debatidos. A meu entender, pelos motivos errados.

Zeitgeist

Em relação à primeira parte deste documentário, ainda estou a juntar informações, mas salta à vista que apresenta muitas informações falsas. Muitos dos paralelismos e pontos de concordância apontados são inexistentes, inválidos ou descontextualizados. Mas uma coisa é certa: a maior parte das crenças e religiões partilham valores, metas e rituais e sem dúvida que na sua evolução se influenciaram mutuamente. Por exemplo, judaísmo, cristianismo e islamismo são, na sua essência, muito similares, pois acaba por se verificar um encadeamento das três. Será que as diferenças justificam todos os conflitos, passados, presentes e futuros?

Em relação à segunda parte, tenho pesquisado os sites do "debunking 9/11 Myths" e do "debunking 9/11 debunking...". E actualmente o "debunking do debunking..." enfim, já vou na terceira vaga da guerra entre as teorias da conspiração (Teoria Oficial da Conspiração vs Outras Teorias da Conspiração). Conclusão? Ambos os lados usam as mesmas tácticas (omissão de informação, ataques pessoais em vez de argumentos e demagogia) e o impasse instala-se. Se as teorias oficiais não convencem, investigue-se. Se há provas que acabam com as dúvidas, mostrem-se. O que é certo é que elementos do governo Americano também mentiram e omitiram em relação aos atentados e muitas provas foram destruídas, ignoradas e outras escondidas. E ninguém questiona a (in)competência de um sistema de defesa e investigação que devora dinheiro, e congela atónito face aos ataques, recebe condecorações e novas injecções de biliões para espalhar destruição e desordem no Iraque e Afeganistão.

Quanto à terceira parte, uma coisa é certa, ao longo da história houve sempre quem lucrasse com a guerra, por vezes pelos dois lados. E os Estados Unidos após a Segunda Grande Guerra, participou, e inclusivamente patrocinou, centenas de guerras, conflitos, revoltas e golpes de estado um pouco por todo o mundo, sempre com alguém a ganhar com isso. Com a guerra ganham as industrias do armamento e segurança e a banca, entre outros. E que dois grandes lobbies, estes, que inclusivamente conseguem colocar presidentes no poder. Fora outros ganhos que vêm depois da guerra. E quando refiro os Estados Unidos, não refiro o seu povo, mas sim ao seu Governo e suas relações menos claras com Empresas Americanas e Multinacionais.


Zeitgeist: Addendum

Aqui aborda-se o tema do sistema financeiro e Reserva Federal americana. E fala-nos de um projecto para uma nova sociedade, o Projecto Vénus. Será uma utopia, mas não deixa de dar ideias para abordar o futuro: a tecnologia como meio de prosperar de um modo sustentável e mais equitativo, explorando uma fonte de energia inesgotável e limpa, a energia geotérmica. E a sustentar a tecnologia, uma aposta na educação para a criar, investigar, modificar, aplicar. E com a educação da população, baixar drasticamente a criminalidade. Deste modo combater-se-ia também a pobreza e a estratificação social.

Mas a mensagem mais importante é uma chamada de atenção para a natureza emergente e simbiótica de todos os sistemas, em constante evolução e transformação. Vivemos numa sociedade adversa à evolução e que insiste em marginalizar a diferença (de sexo, raça, pensamento, crença, cultura, apesar de nos ser dito o contrário) e cultiva a individualidade e competição. Esta luta entre a manutenção da estagnação por parte da sociedade e a natureza evolutiva dos sistemas está na origem do desequilíbrio que se verifica actualmente. Temos que aceitar que fazemos parte de um todo, que estamos interligados e que a nossa evolução e sobrevivência tem que ser encarada como um fenómeno colectivo e que só será positiva se tomar em consideração todos os elementos do sistema. Acredito que mesmo que haja uma "natureza humana" negativa, o que faz de nós humanos é o poder de escolha: podemos escolher educar-mo-nos e evoluir como espécie em simbiose com o planeta.

Resumindo:
Que mundo temos actualmente?
Temos dois países semi-destruídos, a enriquecer alguns (o Afeganistão tornou-se o principal, de longe, produtor mundial de heroína e o Iraque tem o seu petróleo.
Os Estados Unidos iniciaram uma guerra ilegal no Iraque cujo motivo oficial foi haver provas da existência de armas de destruição maciça e como tal seria uma guerra preventiva. Todos sabemos que foi o petróleo e que não haviam armas de destruição maciça. Esta guerra já causou cerca de 1 milhão de mortos e não passa de um acto de pilhagem.
A economia capitalista está à beira de um colapso, devido ao modo como a riqueza é gerada neste sistema, dominado pela banca privada. A maior parte do dinheiro existente é virtual. Fortunas criam-se e perdem-se quase como se estivéssemos a jogar um MMORPG, graças à evolução das telecomunicações.
O ambiente está a ser destruído e efeitos das previstas alterações climáticas já se notam.
Aumenta o fosso entre ricos e pobres, a percentagem de população pobre aumenta, a riqueza e recursos concentram-se numa "elite" cada vez mais restrita.
E toda uma série de fenómenos, sociais, bélicos, climáticos, ecológicos, epidémicos, fazem deste planeta um telejornal de morte e destruição e também uma montra de consumismo, deseducação e estagnação.


O Freddie Mercury perguntava-se se este é o mundo que criámos. O John Lennon dizia-nos para imaginar.

Está na hora de começar a trabalhar em direcção à utopia, a meta. Não a vamos atingir, mas temos que querer ficar cada vez mais próximos dela.

Saudações a todos

Manuel

terça-feira, 28 de abril de 2009

ZeiTUGAist

O que é o ZeiTUGAist?

A ideia nasceu depois de ter visto os documentários Zeitgeist e Zeitgeist: Addendum. Zeitgeist é um termo alemão que significa "espírito de época ou espírito do tempo", em suma, "o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo, numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de tempo." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeitgeist)

O primeiro documentário aborda temáticas sensíveis como a Religião Católica e os atentados de 11 de Setembro de 2001 e como estes estarão a ser usados como instrumentos de controlo social por parte de uma elite poderosa, tendo em vista a criação de uma Nova Ordem Global.
Na segunda parte, Zeitgeist: Addendum, é abordado o sistema monetário, o modo como o dinheiro é criado e como este sistema mantém aprisionados Governos, entidades e, principalmente, as pessoas, mantendo-as sob um novo género de escravatura, onde os escravos têm que suportar o próprio sustento e abrigo. Nesta segunda parte é ainda apresentado o Projecto Vénus, um projecto para uma nova sociedade, onde o sistema monetário e politico actual é eliminado. Baseia-se na criação e aplicação de tecnologia para resposta às necessidades sociais, promovendo a educação e procurando erradicar a pobreza e a criminalidade e corrupção, associados ao actual sistema monetário. E acima de tudo, sendo sustentável e respeitadora do ambiente e do planeta.

E qual é o Espírito da Época em Portugal? Existirão no nosso país instrumentos de controlo social? E quais serão? Poderá haver um Projecto Vénus português, com a transformação da nossa sociedade numa nova sociedade, sustentável, justa, tecnologicamente avançada?

Neste blog vamos tentar analisar a realidade social portuguesa e propôr medidas que possam, se não substituir, pelo menos melhorar a sociedade actual (o Projecto Vénus Português, ou qualquer outro nome que se queira dar). Digo "vamos" porque não detenho a verdade e conhecimento absolutos, e por isso conto com todos os contributos positivos para esta tarefa. Agradeço todos as propostas e criticas, desde que baseados em factos, sejam construtivos e sejam realizáveis. Dispensam-se comentários destrutivos ou meros insultos que, infelizmente, são muito comuns em sites, blogs e fóruns que debatem temas tão sensíveis.

Basta viver o dia-a-dia para constatarmos que estamos no caminho errado e que, em vez de evolução, caminhamos para a aniquilação. Acredito que é possível mudar, e que, mais que isso, é necessário mudar. E, respeitando as diferenças, mas tendo por base as semelhanças, de ideias, necessidades e objectivos, poderemos de facto evoluir e viver em vez de definhar e sobreviver.

Obrigado a todos

Manuel